Tenho trabalhado com programação já faz um bom tempo, desde meados do ano 2000. Neste tempo fiz muitas amizades, trabalhei com muitos programadores competentes e atendi diversas empresas também.
Em 2014 quando trouxe o Google Developers Group para Juiz de Fora, essa rede aumentou ainda mais. Conheci todo tipo de programador, desde os que estava começando até os mais experientes.
Em 2017 surgiu o Ecossistema Zero40, do qual sou um dos fundadores, e atualmente sou um dos que está a frente dos movimentos. Conheci então muitas outras empresas e suas demandas, suas dores, suas realidades.
Em 2018 foi criado na prefeitura da cidade o Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação (COMDETI), do qual faço parte como corpo técnico, ajudando a discutir, entender e avaliar as decisões a serem tomadas em programas que envolvam tecnologia. Pelo Conselho pude entender melhor como a cidade se diferencia das demais, seu pontos fracos e fortes, a real situação das empresas e instituições de ensino.
Universidades e Faculdades
Em Juiz de Fora existem diversas faculdades oferecendo cursos de tecnologia, desde análise de sistemas, sistemas de informação, sistemas para internet, até ciência da computação e engenharia de software.
A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), no meu ponto de vista, tem uma formação com conteúdo denso. Uma grande parcela dos alunos acabam desistindo do curso por matérias como física e cálculo. Menos de 20 alunos são formados por período, porque o curso é longo e realmente pesado. O estudante que estuda na UFJF fica muito distante do mercado de trabalho, porque a universidade foca em tecnologias que não são utilizadas em 99% das empresas da cidade. Por outro lado, o aluno da UFJF se forma uma pessoa capaz de aprender qualquer coisa… se ele consegue seguir no curso, é porque tem essa capacidade, de aprender o que for necessário, sendo possível então que um estudante da UF aprenda qualquer tecnologia. O Instituo Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais (IF Sudeste) é uma alternativa a UFJF, porém com as mesmas condições.
Recentemente dois ex-colaboradores meus, que eram alunos incríveis na UFJF, abandonaram o curso para ir trabalhar em outros países.
Já as faculdades particulares tem a função de absorver toda a massa de pessoas que não tem condições de passar para as Universidades Federais. Temos então faculdades com conteúdos mais aprofundados, pelas quais o aluno tem a oportunidade real de aprender algo consistente, e ter mais oportunidades no mercado. Outras oferecem um conteúdo bem superficial, e formam alguns alunos que não entenderam realmente “como a coisa funciona”. Penso que seja assim na maioria das cidades do Brasil.
Mão de obra
Juiz de Fora é conhecida por ter grande potencial de formação de pessoas nas áreas de tecnologia, justamente pela grande oferta de instituições de ensino e cursos relacionados. Isso tem atraído sempre empresas de fora, que buscam na cidade uma forma de aumentar suas equipes e times de desenvolvimento.
Algumas destas empresas vêm para Juiz de Fora, para oferecer um salário abaixo do praticado em outras cidades. Seria algo como “vamos oferecer em Juiz de Fora os salários médios da região”. Isso mantem os salários na cidade comprimidos. No meu ponto de vista poucas empresas oferecem um salário realmente incrível na cidade.
Algumas empresas lutam pelos desenvolvedores, e sentem que nunca tem gente suficiente no mercado, estando sempre reclamando que faltam desenvolvedores. Por outro lado a universidade e as faculdades dizem formar gente suficiente para atender toda esta demanda.
Recentemente uma empresa de Belo Horizonte abriu uma unidade em Juiz de Fora. O proprietário da empresa entrou em contato comigo para saber como era o mercado e como poderiam apoiar as comunidades. Respondi que muitas empresas vêm de fora de Juiz de Fora, e entram na “luta” pelos mesmos programadores, porém nenhuma apoia realmente a comunidade de programadores. Ele nunca mais tocou no assunto de apoiar a comunidade.
Comunidades de programadores
Como eu disse, em 2014 iniciei o GDGJF, e de lá pra cá já fizemos mais de 130 encontros para falar de programação.
Já passaram em nossos eventos mais de 2.000 desenvolvedores, de todos os níveis. Temos feito eventos periódicos sobre docker, UX/UI, React, Node, devops e por ai vai.
Para desenvolvedores, participar de comunidades ajuda a conhecer outros devs, a saber quais empresas existem na cidade, quais são as boas de se trabalhar e quais tecnologias usam, além claro, de aprender mais sobre programação.
Mudar para Juiz de Fora e custo de vida
Recentemente tenho visto cada vez mais desenvolvedores vindo do Rio de Janeiro para cá. Isso acontece principalmente por dois fatores; a crescente da violência no Rio e o baixo custo de vida em Juiz de Fora.
O movimento sempre foi (e continuará sendo) desenvolvedores saindo de Juiz de Fora em busca de melhores salários, migrando para as capitais, principalmente São Paulo. Mas Juiz de Fora se faz uma boa opção para aqueles desenvolvedores que já romperam a barreira de mostrar que são bons, já estão seguros do que sabem, e buscam um lugar melhor para viver com suas famílias.
Estou querendo escrever um post só sobre isso, com números, mostrando os valores de aluguel, escola, transporte, academia, e tudo mais. Falando também das distâncias (a cidade é pequena), e do tempo de deslocamento para qualquer lugar.
Juiz de Fora é uma boa cidade para se viver.
Contratar programadores
Por eu ter uma boa relação com a comunidade de desenvolvedores, e por ter também contato com muitas empresas, optamos por desenvolver uma plataforma para contratação de programadores em Juiz de Fora, o “Programadores em Juiz de Fora“.
Tivemos uma ótima adesão das pessoas logo de inicio e muitos desenvolvedores se cadastraram, e ficaram buscando por vagas. As primeiras oportunidades incluídas foram rapidamente preenchidas, e foi muito bom ver isso acontecendo.
Eu considero que a ferramenta ainda é um MVP, porque algumas coisas ali foram feitas bem simples e sem muito requinte, mas ela já está bem funcional e tem cumprido seu papel, que é permitir as empresas encontrarem os programadores certos.
Empresas e tecnologias
Recentemente fiquei feliz em perceber que a minha empresa é considerada uma boa opção para quem quer ter contato com novas tecnologias. Eu estava em um evento, e em determinado momento uma pessoa que eu não conheço levantou e falo “a App Master é a única empresa que tecnologias mais novas”, dai eu levei um susto e perguntei “porque é a única” e o cara respondeu “porque todo mundo fala que lá usam React, Node, Firebase, e as outras empresas ficam muito mantendo legado”.
Na verdade somos uma empresa pequena, mas, realmente, somos desbravadores, costumamos adotar novas tecnologias sempre, escrevi até um post sobre isso, tecnologias que usamos na App Masters, dê uma lida. Aliás, estamos contratando sempre.
Mas, como em qualquer cidade, existem vários tipos de empresas para se trabalhar, e consequentemente vários stacks de desenvolvimento.
Fábricas de software normalmente trabalham com Java, C# e páginas e mais páginas de especificação de requisitos. Precisam normalmente manter software legado, e normalmente atendem empresas de maior porte, com projetos maiores, lidando com tecnologias mais robustas.
Startups por sua vez, usam tecnologias mais emergentes, mas também tecnologias mais populares ou fáceis de aprender, como PHP, Node e Angular.
Empresas focadas em mobile buscam desenvolvedores que tenham prática com o nativo, seja android, seja iOS, e que estejam também experimentando novas formas de fazer o mobile, tais como React.
Demais empresa que não são de tecnologia, mas dependem da tecnologia para realizar seus negócios, utilizam tecnologias não tão novas para manter seus sistemas funcionando.
Enfim, existem então tecnologias para todos os gostos, claro. Basta saber onde procurar.
Quer saber mais?
Existe algo que você gostaria de saber sobre o mercado, sobre as empresas ou sobre os programadores de Juiz de Fora? Basta perguntar nos comentários que te responderei rapidamente.