Em fevereiro de 2017 me chamaram para uma reunião em um coworking da cidade. Frente ao interesse da Tata Consulting Services (TCS) em vir para Juiz de Fora, algumas pessoas também perceberam fortemente a necessidade de nos unirmos na iniciativa privada, para tornar Juiz de Fora um polo de tecnologia e inovação.
Ao chegar na reunião vi os amigos de sempre, pessoas que ligadas no que está acontecendo na cidade, de empresas que estão no mercado, lutando para crescer, mas mesmo assim, encontram um tempo para buscar melhorar o ambiente para todos.
Logo que a reunião começou foi falado que o objetivo era tentar criar um Ecossistema em Juiz de Fora. No momento eu pedi a palavra e disse que eu já tinha organizado (e realizado) duas reuniões daquelas em anos anteriores, para tentar criar um ecossistema, mas as pessoas não deram continuidade. Neste momento o Tiago Talma (MercadoLead) e o Gustavo Pinto (Handcom) disseram ter organizado duas ou três reuniões daquela, antes das minhas ainda. Ou seja, já estávamos tentando criar um ecossistema ha muito tempo na cidade.
Assim demos inicio a discussão, da importância de nos unirmos e criarmos um ambiente de representatividade nacional. Muitas ideias surgiram e todos estavam de fato decididos a fazer acontecer naquele momento.
Primeiros passos
Nas semanas que se seguiram, tentamos manter uma agenda constante de reuniões para pensarmos no que faríamos, e como faríamos. Nos dedicamos a pesquisar outros ecossistemas, ler estatutos, consultar os fundadores de outros ecossistemas, com o objetivo de entender qual seria nosso papel na cidade.
Ao mesmo tempo buscávamos um nome para isso, que representasse a cidade.
Com o passar das semanas entendemos o que é um ecossistema e qual seu papel. Também batizamos o nosso novo ecossistema de Zero40, nome sugerido pelo Walbet Vianna (IESPE).
Premissas
Eu sempre disse que em Juiz de Fora “as pessoas são ilhas“, ao invés de se juntarem, preferem ficar em suas ilhas fazendo suas coisas, sem que ninguém saiba o que é, sem a “intromissão” dos outros. Definimos que o Zero40 precisaria mudar essa cultura, inicialmente “criando pontes” entre esta ilhas, aproximando as pessoas, mostrando que podemos nos unir para criar algo maior.
Outro ponto importante é que o Ecossistema não seja de uma ou outra pessoa, fosse realmente o resultado dos esforços e não tivesse um “dono”. Não será um “Egosistema”.
Ideias e possibilidades
Muitas ideias surgiram no inicio e era até difícil manter o foco no que era possível. Mas com o tempo fomos vendo o que era possível ser feito, bem como o interesse das pessoas em fazer acontecer. Sugerir um projeto em uma reunião e não aparecer mais, não adiantaria, é preciso estar presente, participando, fazendo acontecer com seu projeto, para que as ideias se tornem realidade.
Boa parte dos que estão dirigindo o Zero40 atualmente vieram de comunidades, se conheceram por comunidades e ainda são responsáveis por elas. Desta forma sugeri que deveríamos respeitar e incentivar as comunidades. Ao invés do Zero40 realizar eventos, ele incentiva as comunidades que os façam. Da mesma maneira, apresentar e divulgar as comunidades para que o máximo de pessoas tomem conhecimento de suas realizações.
Ressaltar os empresários de sucesso da cidade também consideramos algo relevante. Quem são as pessoas que se fizeram em Juiz de Fora? Como surgiram? O que conquistaram? Onde estão agora? Estas pessoas valorizam nossa cidade, mostram que temos valor e que somos sim capazes de realizar grandes projetos.
Da mesma forma é preciso listar as startups da cidade, das menores (que ainda estão dando os primeiros passos) até as maiores que já receberam investimentos e continuam crescendo a todo o vapor.
Adicionalmente, temos visto e reconhecemos o esforço da prefeitura de Juiz de Fora em apoiar nosso projeto, através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, onde temos encontrados pessoas do bem, motivadas e verdadeiramente interessadas no desenvolvimento da cidade. Este link nos permite trabalhar em ações que tenham um efeito muito mais efetivo para a sociedade e acreditamos que nos trarão bons frutos.
O que realmente deve ser
O Ecossistema deve ser um ponto central que conecta todas as partes do mercado; as instituições, as comunidades, as empresas, startups, e principalmente as pessoas.
Se uma pessoa me procura pedindo uma indicação, ou buscando uma informação, eu (Tiago Gouvêa) me sinto na obrigação de ajudar a pessoa. O Ecossistema deve ter esse papel, de fazer as pontes entre as pessoas, de permitir que a informação corra daqui pra lá e de lá pra cá, incentivando o compartilhamento.
As primeiras dificuldades
Logo que iniciamos as reuniões, já na primeira, poucos estiveram presentes, e poucos se mantiveram presentes naqueles primeiros meses, e sem as pessoas ajudando com constância fica mais difícil fazer acontecer. Mas nós que estávamos ali decidimos não parar, preferimos continuar, nos esforçar como podíamos para criar o legado.
Quando decidimos por registrar o estatuto do ecossistema também foi uma luta, eu nunca tinha ouvido tantos “não” para algo positivo. Algumas pessoas acreditavam que se tornar uma associação faria o ecossistema se tornar algo político, ou vinculado a iniciativas públicas, além de outras “desculpas” para não participar.
No geral eu lido bem com a opinião dos outros. Mas pra mim, pessoalmente, foi difícil enfrentar a descrença de algumas pessoas, e ouvir críticas tão exageradas quanto ao que estávamos buscando. Minha experiência com comunidades me fez perseverar, me fez ter paciência e tentar entender o lado do outro, o ponto de vista do outro, que ao invés de nos apoiar tentava desencorajar a iniciativa.
Mas, temos vencido estas barreiras e seguido em frente.
Projetos em andamento
Neste exato momento (novembro de 2018) dois projetos estão em andamento, para o site do Zero40; a agenda de eventos e a preparação dos conteúdos focados em empreendedorismo, tecnologia e marketing digital, bem como uma cobertura dos eventos e programas da cidade.
A agenda no site irá permitir que qualquer organizador inclua seu evento, indicando seus assuntos e demais informações. Uma vez aprovado, o site enviará email para todos os inscritos interessados naqueles assuntos. Estou puxando esse projeto (na App Masters) e acredito que seja de grande valor para a cidade.
Já os conteúdos estão sendo preparados pela Priscila Pinheiro juntamente com alguns voluntários, para que os acontecimentos da cidade ligados as áreas de interesse sejam registrados, afim de mostrar mesmo o que acontece por aqui. Adicionalmente sugeri que cada startup seja entrevistada e tenha sua história contada, bem como seus desafios atuais e próximos passos. Algo que ao meu ver, melhora a auto-estima destes empreendedores e aumenta sua exposição e alcance.
Voluntários
Precisamos de pessoas para tudo isso. No site do Zero40 você também pode se registrar como voluntário, para participar de projetos e programas que venham a acontecer.
O importante aqui, na minha opinião, é sair do sofá, deixar de ser uma vítima da economia/política/sociedade/família/empresa e partir para ação, arregaçar as mangas e trabalhar por algo em que acredita, sem esperar diretamente retorno financeiro com isso. É somar pelo bem comum, pelas coisas nas quais se interessa e ver o resultado acontecer. Tudo de bom que se faz, entra pra sua história e depõe ao seu favor.
Portanto, venha também deixar seu legado!
Os próximos passos
Demos o primeiro passo, o segundo, o terceiro e continuamos caminhando. Estamos em movimento e esperamos que coisas incríveis realmente aconteçam em Juiz de Fora! Depende é de nós.
Links relevantes
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