Certo dia um amigo programador me falou que queria fazer uns cursos, pra aprender a programar para mobile. Eu perguntei como estava o inglês dele e ele disse que nada bem. Falei com ele que tem tanto conteúdo gratuito online que era um desperdício fazer “cursinho” de programação.
Naquele dia examinei e cheguei a pensar que um programador nunca chegaria a um nível avançado se não soubesse inglês. No dia seguinte pensei melhor e achei que exagerei na conclusão do dia anterior.. e ponderei que…
Sem inglês, poucos programadores chegam ao nível intermediário.
Vou agora defender este ponto de vista.
A fonte
Para começar este post apontando para o lugar certo, me responda estas perguntas; onde são criadas as linguagens que trabalhamos? Onde estão as maiores empresas no segmento de tecnologia? Quem são os grandes gênios da atualidade ligados ao desenvolvimento de softwares? De onde vêm os padrões, metodologias e técnicas que utilizamos?
Não é do Brasil! E eu não tenho culpa.
Quem faz e quem fala
Com uma boa leitura do inglês, o programador poderá acompanhar as novidades postadas diretamente por quem faz as novas tecnologias. Scott Guthrie é vice presidente da área de servidores e ferramentas corporativas da Microsoft, em seu blog ele apresenta as tecnologias que estão desenvolvendo, algumas vezes mostrando o que ele acha de mais interessante em cada novo recurso. O conteúdo deste blog nunca será “transpassado” para o português. Ninguém vai ter “tempo” pra escrever cada detalhe como ele escreve, nem entenderá tão bem o que está sendo feito como ele.
Desta mesma forma milhares de outros caras “ninjas” estão postando suas novidades que nunca virão a serem escritas em português.
Tornando “a coisa” Brasileira
Meses depois que “uma grande coisa” foi liberada por lá, alguém aqui resolve escrever sobre em português. Porém, quase sempre é visão medíocre, limitada que restringe ainda mais a capacidade do indivíduo que consome só aquilo. Ninguém é culpado, mas, quem só lê em português só pega as sobras do que realmente existe de conhecimento.
Agradeço por existirem sites como o imasters, para trazer um pouco de “luz” para quem ainda acha que português é o caminho nesta profissão. Mas, sem querer criticar, dando uma olhada nos posts mais recentes de uma categoria como .Net dá a impressão que ninguém vai muito longe consumindo só aquilo ali.
Discussões
Já vi discussões absurdas em fóruns brasileiros, que mais pareciam saídas de um sites de piadas. Participando de grupos de discussão em inglês temos a oportunidade de discutir com quem trabalha com alta tecnologia todos os dias. É perceptível a diferença técnica entre nós e eles.
Livros
Muitos anos atrás comprei o melhor livro de Interbase em português que existia. Tinha cerca de 100 páginas. Em um capítulo, tinham apenas comandos, um abaixo do outro, sem qualquer explicação… Cerca de 10 páginas assim! Fiquei intrigado com aquilo e concluí que o autor precisava falar daquilo mas não teve tempo ou paciência pra explicar, então ele simplesmente colou tudo ali e tocou pra frente (“jeitinho brasileiro“).
Pouco tempo depois pude participar de um “Firebird Day” no Brasil e conversei por alguns minutos com Jim Starkey (criador do Interbase) e acho que aprendi mais que lendo todo o livro. Minha pronúncia nunca foi boa (naquela época era tosca) mas criei coragem e fiz algumas perguntas em inglês, e fiquei por ali ouvindo as conversas técnicas.
A verdade com relação a livros é que para um assunto qualquer, como padrões de projetos, teremos dezenas de livros em inglês, todos muito detalhados e com profundidade em conteúdo. Em português teremos apenas alguns livros, superficiais.
Videos
O youtube é uma maravilha. Grande parte dos eventos do Google estão disponíveis para visualização a qualquer hora. A Microsoft, através de seus portais também tem grande volume de vídeo aulas e treinamentos online. 98% em inglês, sem legenda.
Este ano acompanhei juntamente com alguns amigos (cada um em sua casa) o Google I/O e foi enriquecedor poder acompanhar algumas das apresentações com conteúdo tão rico.
Exceções
Não estou dizendo que 100% que é produzido em português é ruim, de baixa qualidade ou limitado quando comparado ao que é produzido em inglês. Mas pelo ao menos 90% é.
Enfim
Precisamos aprender sempre! Se você não tem uma boa leitura de inglês e quer ser um bom programador (não um programadorzinho) recomendo fortemente que dedique parte do seu tempo em aprender o inglês. Ler, ouvir, é essencial.. Realmente. Eu mesmo vou dedicar mais tempo a partir de agora. 🙂