Toda semana (literalmente falando) sou procurado por pessoas ou empresas precisando de web designers, analistas de sistemas, programadores ou desenvolvedores mobile em Juiz de Fora. Normalmente explico que “os caras bons” que conheço já estão trabalhando, e felizes (aparentemente) onde estão.
Centenas se formam todo ano em Juiz de Fora, seja pela UFJF, seja por instituições particulares. Ao mesmo tempo existe um apagão de mão de obra verdadeiramente qualificada na cidade.
Mas, o que acontece com os bons profissionais? Tentei resumir todo este movimento, em quatro grandes grupos.
1 – Vão para outras cidades
Cerca de 75% dos alunos da UFJF são de outras cidades, principalmente as menores nas redondezas. Para quem sai de Barbacena para Juiz de Fora com o objetivo de estudar, não há dificuldade em se mudar para Belo Horizonte ou São Paulo ao se formar. Alguns também voltam para suas cidades.
O que fazer neste sentido? Se a cidade fosse suficientemente boa para trabalhar, absorveria todos esses profissionais, mas muitos querem ainda mais do que Juiz de Fora pode oferecer. Isso é normal em qualquer segmento, mas eu arrisco dizer que em T.I isso acontece com mais intensidade aqui. Dos programadores excelentes que trabalhei, que cursavam faculdade, cerca da metade foi para as capitais ao se formarem.
2 -Trabalham em boas empresas (de fora)
Empresas de tecnologia sediadas principalmente do Rio de Janeiro e São Paulo se instalam em Juiz de Fora, oferecendo um salário X+20% para um profissional que no Rio custa X+90%, e que o mercado Juizdeforano normalmente paga X.
Em alguns momentos eu sentia que esta prática dificultava para as empresas de Juiz de Fora, as menores, uma vez que estes concorrentes podem oferecer condições de trabalho infinitamente superiores.
Certa vez um conhecido disse “basta que as empresas de tecnologia da cidade procurem clientes no Rio de Janeiro”, assim muitos têm feito, “largado mão” de Juiz de Fora e focado seus esforços em atender outras cidades, “aqui não vale a pena”. Mas isso é assunto pra outro post.
3 – Se tornam freelancers
Alguns começam a fazer estágio e logo estão empregados. Ao se formarem, percebem que não irão ganhar tanto quanto imaginavam, ou que gostariam de mais controle sobre a tecnologia. Optam por se tornarem autônomos, freelancers, desenvolvendo para pequenas empresas, agências ou até empresas de fora da cidade. Assim conseguem uma boa receita, além de outras vantagens como horários flexíveis, não ter “chefe” nem horários rígidos, etc.
Neste grupo existem dois tipos de profissionais:
Os bons
Alguns trabalham de forma tão específica, ou tão voltados para o que há de mais moderno, que não conseguem se enquadrar em equipes. Alguns são verdadeiros “astros” (podendo se tornar estrela cadente) e entram nas empresas como “pop stars”, porém, mudar o mundo não é fácil.
Optam por trabalharem sozinhos, pois assim lidam com seus próprios padrões, escolhem as tecnologias que gostam e nas quais acreditam. Oferecem produtos de alta qualidade porém pecam no atendimento, e muitas vezes geram muito atrito com o próprio cliente, resistindo a atender suas especificações por considera-las erradas.
Os não tão bons
Não se adequam nas empresas por não acompanhar o ritmo da equipe existente ou incapacidade em resolver os problemas dos projetos. Chegam como estagiários e nunca ultrapassam este nível de conhecimento.
Ao se tornarem autônomos na maioria das vezes irão atender pequenas empresa, profissionais liberais e até “inovadores de plantão”.
4 – Trabalham para empresas de Juiz de Fora
Os demais profissionais estão trabalhando nas empresas locais, menores. Muitos destes de olho nas oportunidades que surgem nas empresas maiores ou de fora, sempre cogitando sair de Juiz de Fora para poder ganhar mais, dar um salto na carreira.
Adicionado em novembro de 2018
Talvez seja minha percepção, mas tenho visto menos desenvolvedores interessados em ser freelancer, ou até empreender. O pessoal tem encarado menos o risco atualmente, me parece.
Outro ponto; tenho escutado relatos negativos quanto a algumas empresas, com relação ao ambiente de trabalho, bancos de horas que só beneficiam a empresa, pessoas tendo que virar a noite trabalhando por imposição da gerência, e demais abusos, inclusive com casos assédio moral. De fato são bem poucas e me sinto a vontade para citar uma delas, a Stefanini, com qual muitas faculdades não tem mais feito parcerias justamente pelo feedback que têm recebido de seus alunos sobre as práticas da empresa. Espero que isso se reverta em breve.
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