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Programadores deveriam ser autônomos

Ao menos por um tempo, todo programador deveria ser autônomo. Essa é uma teoria antiga minha e vou explicar o motivo.

Marketing e negociação

Se você for autônomo, talvez terá que fazer um cartão de visita pessoal, dizendo que é desenvolvedor ou coisa do tipo. Isso já te dá uma noção mínima de marketing.

Logo alguém irá aparecer querendo fazer um “sisteminha de caixa” ou “controle de estoque”. Mesmo existindo milhares de softwares deste tipo, inclusive online e gratuitos, as pessoas cismam em fazer o próprio sistema porque pensam que fazem caixa ou estoque de forma diferente de todas as outras. Talvez este venha a ser seu primeiro projeto independente! Mas atualmente é bem provável que alguém te procure querendo fazer um aplicativo mobile…. se vira no híbrido!

Uma vez que o possível cliente está interessado, você terá que calcular o valor e fazer uma proposta. Neste momento você estará exercitando sua visão do projeto. Quantas horas gastará nisso? Qualquer que seja o preço apresentando, certamente o futuro cliente irá pedir um desconto ou simplesmente achar caro. Nesta hora você aprenderá a fazer concessões.

Projeto aceito e pagamento combinado, é hora de partir pro código. Diferente de uma fábrica de software, agora você terá que fazer 100% do projeto sozinho. Terá que fazer a análise, programar, entregar e dar suporte.

Análise do problema a ser resolvido

Na análise, sendo sozinho, você tende a querer apenas entender o que o cliente diz e já começar a codar. Você não vai fazer documentação disso. Dai acontecerá um dos erros mais clássicos; o cliente mudará o projeto ao longo do caminho, adicionando novas telas, relatórios, interações. Como nada foi escrito ele pensa “que está dentro”, certamente ele dirá “achei que você tinha entendido que tinha isso, que estava subentendido”. Mas, para o(s) primeiro(s) projeto(s) isso acontece mesmo.. e você terá que lidar com isso.

Desenvolvimento

Enquanto programa sendo autônomo, você não terá com quem discutir a estratégia de desenvolvimento, não terá para quem perguntar suas duvidas e com isso você irá se virar por completo. O bom é que te força a entender tudo o que precisa ser feito e pensar em uma proposta de solução só sua. Ou seja, se der certo o mérito é todo seu, se o projeto ficar um lixo a culpa é só sua também.

Em uma fábrica ou equipe maior, raramente você poderia decidir (ou até opinar) na estrutura do projeto; qual linguagem usar, ter um framework ou não, qual seria o banco de dados, como serão organizadas as classes, etc. Você certamente receberia uma micro tarefa, que é uma parte, de uma classe, de um módulo.

Deploy, publicação

Publicar ou “botar online” não deveria ser um problema seu em uma fábrica. Mas sendo autônomo quem fará isso é você. Isso dependerá muito da linguagem e tipo de projeto; é um sistema web, desktop, mobile? Se for rodar online você poderá ser precavido e colocar em um servidor “todo pronto” que apenas recebe seu sistema e mantém funcionando, ou então, se for mais ousado, optar por um servidor próprio onde terá que “dar seus pulos” pra mante-lo atualizado e funcionando.

Treinamento e suporte

Além de tudo isso… terá que dar um treinamento inicial ao cliente e aos usuários. Nesta hora você percebe que o sistema não está tão bom quanto você imaginava, dá muito trabalho para o usuário incluir dados, a pesquisa não é tão boa e dai o sujeito perde muito tempo usando… dão alguns erros aqui e ali fazendo dele um sistema instável.

Quanta coisa!

Percebe? Se você conhece um pouco de uma fábrica de software maior, sabe que cada coisa destas tem um departamento, um responsável para fazê-lo.

Fazendo sozinho, tudo isso é experiência que você ganha! Não é brincadeira, não é fácil, mas é um caminho. Para algumas pessoas, ter que lidar com tanta coisa é um absurdo! Outros que agora estão lendo este post (os empreendedores) estão adorando a ideia, querendo logo começar a pegar projetos, para atender melhor os clientes e propor soluções ainda melhores.

Enfim, a coisa de trabalhar sozinho pode ser temporária, para você ganhar experiência ou só para levantar uma grana rápida. A verdade é que isso forma profissionais bem mais completos.

Se você é ou já foi autonomo/freelancer, compartilhe sua experiência conosco comentando abaixo.

Tiago Gouvêa

Full-stack Developer, fazendo códigos desde o século passado. Criador da metodologia "Aprender programação em 20 horas" e diretor da startup App Masters, voltada para o desenvolvimento de aplicativos. Apaixonado por tecnologia e viciado em café.

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Respostas (14)

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  1. João Barbosa

    Sou desenvolvedor a mais de 30 anos, é bem isso mesmo.

  2. Jocel Viana

    Post bem explicado.
    Ainda não sou programador, mas estou estudando programação há alguns meses e sempre gosto de ler matérias relacionadas à programação.
    Espero que eu consiga chegar lá e ter sucesso na área assim como os demais..
    Valeu Tiago!

  3. Martins

    Programação faz o Cranio pensar mais sem duvida.

  4. GILBERTO DA SILVA

    Ola Tiago estou comendo tds as matérias do seu blog e curtindo mt. Sou estudante de Analise e desenvolvimento de sistemas, mas n pretendo trabalhar para empresas, pretendo ser freelance logo de inicio. voce acha que é uma vontade fora de lógica? acha que devo antes sentir o mercado ou devo mesmo me arriscar e entrar de cabeça como um desenvolvedor freelance?
    agradeço por compartilhar tds essas informações!!

    1. Tiago Gouvêa

      Sinto que você tem um interesse nisso, em ser freelancer. Comece quando achar que estiver minimamente preparado… se aparecer um projeto muito grande, não pegue. Faça algo simples de inicio e vá aos poucos encarando projetos mais complexos.
      Quanto mais próximo do que já fez, forem os próximos projetos, melhor!
      Abraços e sucesso Gilberto!

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  8. Wagner Roque

    Excelente artigo Tiago, faço Analise de desenvolvimento de sistema e neste momento estou um projeto, pequeno, mas que traz estas complexidades ditas no seu texto.
    Bons aprendizados!!!

  9. Daniel

    Muito bom o artigo. Trabalhei mais de 12 anos em empresas privadas, e chegou um ponto que decidi fazer o que sempre quis: ser freelancer. Tem sido uma experiência muito legal, tenho aprendido muito, e tenho usado muito do que aprendi nas empresas que passei… Mais do que isso, o tal do ‘se vira’ é sensacional, me fez redescobrir a área, voltar a gostar de correr atrás, estudar, sair da zona de conforto, enfim, me reinventar, todos os dias. Concordo com sua teoria (bem prática) de que todo desenvolvedor precisa ser freelancer (quem sabe, viver disso pro resto da vida).

    1. Tiago Gouvêa

      Legal Daniel! Obrigado por compartilhar sua história! A liberdade que ser freelancer trás é muito boa também.

  10. Bruno Hilário

    Boa Tiago, matéria bacana! Sempre tive vontade de trabalhar como freelancer, mas nunca soube começar.. Hoje eu trabalho em JF com desenvolvimento e é bem assim mesmo que você falou, recebe “tarefas” para executar.. Muito bom. Parabéns!

    1. Tiago Gouvêa

      Valeu Bruno!

  11. Programação - Estudo, estudo e não aprendo nada - Tiago Gouvêa Tiago Gouvêa

    […] Quanto ao emprego… ai é diferente. Você falou umas 5 linguagens neste email. Foque em APENAS UMA DELAS, esqueça o resto. Se não focar em uma não ficará bom em nenhuma! Tenho vários posts falando sobre isso.. inclusive escrevi um hoje “Programadores deveriam ser autônomos“. […]